mudança (bibliotopia)
domingo, 24 de maio de 2015
terça-feira, 11 de junho de 2013
Sobre (meu?) desenho II
As idéias de contingência
e continuidade são, aqui, importantes
para a construção de meu ponto de vista. Implicações com a noção de incerteza, com
a indeterminação das causas, com a relatividade das “coisas”, umas em relação
às outras. Jasper Johns resolve este problema do modo mais pragmático: “pegue uma coisa, faça outra coisa desta
coisa” [i]. E eis a mais imediata fundação da Arte na condição humana.
Mas, quanto ao sujeito, como expor um processo que
acontece interiormente, aquilo que é a linguagem mais próxima da intimidade?
Sendo escuta, o desenho é também narrativa, e assim se explica a dialética do
sujeito, da sua vida interior, e daquilo que ele (re) presenta no mundo
exterior.
Haver-se-ia, então, de desenrolar
e recolher cuidadosamente o fio (a linha, o risco) que percorre o labirinto,
marcando o percurso, no sentido de tornar observável o conjunto de operações
que dão consistência e conteúdo a uma obra de desenho. Desde já, a definição do
sistema desenho « desenhador, com as implicações construtivas que decorrem deste par:
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na
canela,
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe
com ela?
Chico
Buarque
Foi Sérgio Franco[ii]
quem primeiro percebeu a metáfora sensível contida no verso para explicar a
dialética construtivista. Ela serviu-me, em outro momento, como princípio para
pensar o processo cognitivo da construção arquitetônica[iii]:
o arquiteto transformando o espaço gráfico e sendo transformado por ele. A
mesma imagem serve-me, agora, como ponto de partida para examinar meu próprio percurso
de desenho.
[i] Take an object. Do something to it. Do something else to it. Do
something else to it. Uma versão desta frase
de Johns está fixada no ateliê 43.
[ii] FRANCO, S. R. K.
(2002). Piaget e a dialética.
In: Revisitando Piaget. Porto Alegre:
Mediação, 2002. p. 9-20.
[iii] Ver
ANDRADE, L. M. V. (2011). Construção e abertura: diálogos Christopher Alexander – Jean Piaget.
Porto Alegre: PROPUR-UFRGS (tese de doutorado).
sobre (meu?) desenho
O desenho é uma forma de escuta. Registro da calma ou do caos. Forma de pulsão que carrega, num mesmo movimento, seu processo de (re) construção. Onda e partícula! Começa com um traço, se espalha num risco, se impõe através da linha: totalidade relativa, propícia à insurgência da figura. Não por acaso, desígnio; não por acaso, desejo. As palavras de Carlo Scarpa, que empresto para situar este (con) texto, definem o objeto: objeto de desenho que se auto-organiza continuamente, contingentemente.
domingo, 9 de junho de 2013
Como definição
Desenho porque quero ver… (Carlo Scarpa)
Desde seu significado (mais intimamente) vivido, este blog busca tornar-se um registro (escrito, desenhado, fotografado, xilografado, e talvez mais...) das minhas vivências e experimentações no Instituto de Artes da UFRGS e de seus entornos. Convido, a quem interessar possa, à crítica.
Leandro Andrade
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